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domingo, 30 de outubro de 2011

O candomble de Nacao Sudanesa,Candomble de Nacao Angola e o Omoloko

O CANDOMBLÉ DE NAÇÃO SUDANESA, CANDOMBLÉ DE NAÇÃO ANGOLA E O OMOLOKÔ

Os escravos Bantos quando chegaram ao Brasil tiveram contato com a Pajelança e o Catimbó, cultos basicamente indígenas, mas já miscigenados com elementos cristãos e católicos, existentes especialmente no nordeste, e encontraram os acima citados cultos cerimônias até certo ponto bem análogas às de seus antepassados africanos.
Os negros banto congoleses aceitaram esta nova religião, sobretudo, em termos de “culto aos mortos”, pois os Pajés e os Catimbozeiros, através dos Maracás e das Cunhãs, dos Encantados, do Petun e da Jurema, quiçá agora da Diamba introduzida pelos africanos, comunicavam-se com o Além, ou seja, o lugar místico e/ou mítico em que os brancos, os índios, os negros e os mestiços de todos, igualmente situavam a existência de seus antepassados.
À medida que mais e mais negros de origem Bantu, sobretudo Congo e Angola alforriavam-se e reagrupavam-se na periferia das maiores cidades da época, eles mantiveram as partes dos rituais de seus antepassados que conseguiam por em prática dentro dos limites estreitos da escravidão, criando os primeiros Candombes, que é uma palavra de origem Bantu e não Iorubá, significando no Brasil, “instrumento de percussão” e/ou “lugar de danças de negros” e, por extensão, “lugar de terra batida por pés” ou “terreiro” onde praticavam seus cultos religiosos, os quais, sob a forma de cantos e danças – o Batuque – eram permitidos e até incentivados pelas autoridades na tentativa de contrapor-se ao “Banzo”, tristeza depressiva que freqüentemente levava o escravo Banto à morte pelo suicídio e, também, para que tais manifestações que consideravam apenas lúdicas acirrassem as diferenças “tribais” entre as diversas variações étnicas africanas aqui escravizadas (Congo, Angola, Mina, Grunci, Galindas, etc). Mas, obtida a permissão de seus “senhores” para realizar tais “reuniões”, os Bantos nelas inseriram as práticas religiosas para seus “M’inkisi” (plural de N’kisi que no Brasil gerou o termo “Inkices”), divindades equivalentes aos posteriores “Orixás” Sudaneses, acobertando-as com um mimetismo das práticas religiosas dos cristãos, mas incorporando, assim, o “poder místico” dos Santos Católicos que mais se aparentavam com suas práticas religiosas africanas.
Desde os seus primórdios, estes Candombes incorporaram muitos dos Catimbós já mais africanizados, levando assim para o seu interior o sincretismo religioso católico indígena que já se revelara útil como artifício de camuflagem para a celebração pública de suas reais práticas religiosas. Tornaram-se, também, as sementes dos futuros “Candomblés de Nação” que surgiriam mais tarde, pois, a partir do início do século XIX, quando a entrada maciça e em curto período de tempo de negros de origem sudanesa na Bahia e no Rio de Janeiro, suplantando todas as outras etnias, começou a crescer e evidenciar-se o prestígio ritualístico e litúrgico dos cultos religiosos sudaneses Iorubás ou Nagôs.
Estes cultos interpenetraram e reinterpretaram os existentes Candombes de origem Bantu e, finalmente, impuseram-se, nas regiões próximas às cidades de Salvador (BA), Recife (PE) e Rio de Janeiro (DF), por sobre todas as formas de culto em que participassem majoritariamente o Negro e seus descendentes.
Pierre Verger (1971) escreveu: -”A palavra Candomblé, que designa na Bahia as religiões africanas em geral é de origem Bantu. É provável que as influências das religiões vindas de regiões da áfrica situadas nas imediações do Equador não se limitem apenas ao nome das cerimônias, mas tenham dado aos cultos jêjes e nagôs, na Bahia, uma forma que os diferencia, em certos pontos, dessas mesmas manifestações na áfrica.“.
Aportado ao Brasil muito tempo depois (fins do Séc. XVIII), o conhecimento espiritual dos descendentes da Nação Africana Sudanesa Iorubá também adotou a proteção da prática do Candombe, reunindo os seus “Santos de Fora” aos “Santos de Dentro” num só lugar de culto: o “Terreiro-li-ese-orisa”, mas, diferentemente dos Bantos, os Nagôs Sudaneses usaram o sincretismo religioso de seus “Awon Orisa” (plural de “Orisa” que em nossa língua gerou o termo “Orixás”), com os Santos Católicos apenas como uma “fachada” ritualística, já que isto oferecia certa proteção contra o abuso de autoridades de então.
Assim sendo, com o passar de mais de um século, esta nova ritualística dos descendentes da “Nação Iorubá”, escravizados no Brasil, em vez de ser antagonizada pelas outras etnias negras, começou a servir de modelo e fundindo-se ao anterior conhecimento espiritual da “Nação Banto” (Congo e Angola), dando origem aos Cultos Afro-Brasileiros conhecidos a partir de então sob a denominação genérica de “Terreiros de Candomblé”, fossem qual fossem as suas origens. E já no final do século XIX, os cultos de origens Nações Bantu, Congo e Angola e, também, os cultos de origens indígenas, nas regiões da Bahia e Pernambuco, estavam submetidos às normas ritualísticas do Candomblé de Nação Sudanesa, mas não especificamente no restante do país, pois que só esta Nação Sudanesa conseguia revigorar sua crença através do animado tráfego comercial marítimo que se criou entre Salvador (Brasil) e Lagos (Onin – Nigéria) no início do século XIX.
Recentemente, de uns trinta anos para cá e já passada a necessidade do sincretismo religioso para sua sobrevivência, os Candomblés de Nação Sudanesa começam a reverter a tendência de simbiose com os outros cultos ao fecharem questão sobre a primazia de suas raízes étnicas sobre todas as outras, tornando-se assim uma religião exclusiva de um grupo étnico negro definido, isto é, Sudanês, mesmo quando o culto é praticado por negros de outras etnias, brancos, índios e mestiços de todos os matizes, tornando-se finalmente a celebração da memória coletiva africana sudanesa em solo brasileiro, e que hoje rejeitam com veemência o sincretismo religioso que outrora praticaram para sobreviver. Como resultado desta inconteste hegemonia Sudanesa (Ijêxá, Kêtu, Òyó, Ifé e Benin enfim, Nagô) e sua posterior rejeição às outras correntes religiosas negras, surgiram os Candomblé de Nação Bantu e Angola que, por sua vez, expeliram de seu meio o elemento indígena que veio então a dar origem ao Omolokô.
Mas, esta anterior mixagem e/ou mimetismo de ritualísticas aparentemente semelhantes aos olhos da sociedade escravocrata brasileira, escondia diferenças profundas de Teogonia e Liturgia entre elas. Desta forma, a instituição do Candomblé ainda hoje apresenta nítidas separações quanto às suas origens: O Candomblé de Nação Sudanesa, o Candomblé de Nação Angola e o Omolokô, sendo os dois últimos mais próximos.

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